
3 abril, 2025
CTC do solo e seus impactos na fertilidade
A CTC (Capacidade de troca catiônica) é muito importante para avaliar a fertilidade do solo. Mas, fatores físicos e biológicos também interferem nessa química!
CTC significa Capacidade de Troca Catiônica, ou seja, a capacidade do solo de reter e trocar cátions (Ca2+, Mg2+, K+, Al3+, H+) com a solução do solo. Os coloides do solo, principalmente argila e matéria orgânica, possuem carga negativa e, como diz o ditado, “os opostos se atraem”; sendo assim, o solo atrai e se liga a elementos com carga positiva.
Logo, quanto maior a CTC de um solo, maior vai ser a capacidade total desse solo em reter cátions. Porém, elementos tóxicos às plantas, como alumínio e hidrogênio, também podem se ligar aos coloides do solo.
A CTC pode ser EFETIVA ou PERMANENTE
- Efetiva: É a capacidade de troca de cátions real e atual do solo, nas condições naturais do pH do solo (sem correção). Quando o solo possui um determinado pH, parte das cargas dependentes do pH pode ser bloqueada por íons de hidrogênio. Nesse contexto, a capacidade de troca catiônica (CTC) efetiva do solo é resultante da soma entre as cargas permanentes e aquelas cargas dependentes do pH que permanecem ativas, ou seja, não bloqueadas pelos íons de hidrogênio.
- Potencial ou CTC a pH 7: quando o pH do solo é elevado, em água, a 7. Incluindo os hidrogênios dissociáveis e o alumínio deslocado e neutralizado pela elevação do pH.
- Permanente: não ocorre variação com o pH do solo. Resulta da troca de elementos nas partículas de solo.
Diretamente ligada a CTC, temos o V%, que é a porcentagem da CTC ocupada por cálcio, magnésio e potássio, nutrientes essenciais para o crescimento das plantas. E é calculado da seguinte forma
V%= (Soma de bases)×100
CTC
Solos argilosos costumam ter uma CTC maior, diferente de solos arenosos. Quando temos solos argilosos com alta CTC, mas baixo V%, significa que as cargas do solo estão ocupadas por íons de hidrogênio e alumínio, indicando que o solo está ácido, o que dificulta o crescimento da maioria das plantas cultivadas.
Por outro lado, solos arenosos, mesmo com V% alto, a quantidade absoluta de nutrientes pode ser baixa. Isso nos leva a uma importante reflexão sobre o manejo do solo conforme os seus teores de argila e areia.
Por reterem menos cargas, não são recomendadas adubações em grande quantidade em solos arenosos, pois os nutrientes não ficarão retidos e podem ser perdidos por lixiviação. E solos argilosos com acidez elevada precisam de correção para neutralizar os íons de hidrogênio e alumínio.
Na correção do solo, adicionamos hidroxilas (OH-), neutralizando o alumínio e o hidrogênio, removendo-os da solução do solo para que os elementos essenciais possam se ligar às cargas negativas.

Mas, apesar de a CTC ser um componente da parte química do solo, os manejos físicos e biológicos também influenciam sobre ela.
- Solos que oferecem condições adequadas para o crescimento das raízes auxiliam na ciclagem de nutrientes. Isso acontece porque algumas plantas, com raízes profundas, atingem camadas subsuperficiais e captam cálcio, magnésio e potássio, trazendo-os de volta para as camadas mais superficiais.
- A matéria orgânica também é fundamental para a longevidade do solo e oferece um aporte essencial para a CTC, pois influencia significativamente na agregação das partículas do solo. Isso favorece a retenção de cátions e dificulta a lixiviação de nutrientes. Além de gerar cargas elétricas negativas, aumentando a CTC do solo.
- Práticas de conservação do solo, como o plantio direto e a Ferticorreção, também auxiliam na manutenção e equilíbrio da CTC, mantendo o solo sempre coberto e evitando erosão e escorrimento de nutrientes.
CONCLUSÃO
A capacidade de troca catiônica (CTC) é um fator essencial para a fertilidade do solo, sendo diretamente influenciada por manejos químicos, físicos e biológicos. A adoção de práticas adequadas, como a correção do solo com calcário ou óxidos de cálcio e magnésio, permite a neutralização de elementos tóxicos e melhora a disponibilidade de nutrientes. Além disso, a adubação correta, respeitando a textura do solo, evita perdas por lixiviação e mantém o equilíbrio nutricional necessário para o desenvolvimento das plantas.
A influência do manejo físico e biológico na CTC também é evidente, pois solos compactados limitam o crescimento radicular e prejudicam a absorção de nutrientes. Em contrapartida, práticas como o uso de plantas de cobertura e a incorporação de matéria orgânica favorecem a estrutura do solo, melhoram a retenção de cátions e estimulam a ciclagem de nutrientes. Dessa forma, um solo bem manejado, rico em raízes e matéria orgânica, contribui para a manutenção da fertilidade e garante uma produção agrícola sustentável e eficiente a longo prazo.
REFERÊNCIAS
CIOTTA, M. N. Matéria orgânica e aumento da capacidade de troca de cátions em solo com argila de atividade baixa sob plantio direto. s em solo com argila de atividade baixa sob plantio direto. Ciência Rural, v. 33, n. 6, nov-dez, 2003 ISSN 0103-8478
Júnior, C. C. MATÉRIA ORGÂNICA, CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA E ACIDEZ POTENCIAL NO SOLO COM DEZOITO CULTIVARES DE CANA-DE-AÇÚCAR. Jaboticabal, SP. 2011.
KÖLLN, O.T.; SILVA, S.R.; PALUDETTO, A. O solo: a base para a produção vegetal. In: KÖLLN, O. T. (Org.). Sistemas para produção agropecuária sustentável no norte pioneiro do Paraná. Cornélio Procópio, PR: UENP, 2023. pp. 15-60.
RONQUIM, C. C. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010. ISSN 1806-3322
VEZZANI, F. M. Qualidade do sistema solo na produção agrícola. 2001. 184p. tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.
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